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Tempo Vento
Arnaldo Antunes
agora que não tem mais chão debaixo dos meus pés
e que meu barco a remo segue a esmo nas marés
sem nenhuma espécie de alento
a não ser o vento
o vento
para me guiar
o vento
onde me agarrar
eu tento achar no vento ar
para tomar fôlego
e continuar
agora que não tem mais nada pra perder
agora que não há como voltar atrás
sem nenhuma espécie de alento
a não ser o tempo
o tempo
para me levar
o tempo
pra me ultrapassar
eu tento achar no tempo espaço
para mais um passo
e continuar
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Paraiso Eu, Lu Horta, Independente, 2008
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