MÁXIMO, VÍRGULA E 360º
Galeria Laura Marsiaj, Rio de Janeiro, 2008
A caligrafia, arte do desenho manual das letras e palavras, vem sendo usada como elemento expressivo por Arnaldo Antunes desde o começo da década de 80. Seu primeiro livro (“Ou E”, edição do autor, 1981) era todo caligráfico, movido pela ideia de uma “entonação gráfica”, isto é, buscando nos traços e curvas da escritura manual, correspondências visuais dos recursos entoativos da voz. Desde então, Arnaldo dá prosseguimento a essas pesquisas, entre outras formas de poesia visual, em exposições, livros, cartazes, revistas e outros meios.
A série de caligrafias que compõem a exposição “ESCRITA À MÃO” foi, em parte, desenvolvida em 1998, quando Arnaldo e Walter Silveira realizaram a exposição "Handmade, Ideogramas, Caligramas e etc.”, no Espaço de Arte Ybakatu, em Curitiba, Paraná. Outra parte ele fez em 2002 para a exposição “Cérebro Sexo”, realizada na Fundación Centro de Estudos Brasileiros, em Buenos Aires, Argentina. Em junho desse ano uma nova série foi exposta em São Paulo, no Centro Cultural Maria Antônia. Novos trabalhos foram elaborados agora, especialmente para a galeria Laura Marsiaj Arte Contemporânea.
A montagem dessa exposição foi pensada de uma forma não convencional, pensando o espaço físico da galeria graficamente, dispondo as obras nas paredes como se diagramadas numa página, desde o chão até o teto. Os trabalhos foram realizados com tinta de carimbo (preta, vermelha, azul e verde) sobre papel de gravura (no formato de 0,78 m por 1,06 m). Usando os próprios tubos de tinta como pincel, a largura do traço dependia da pressão exercida sobre eles no instante/gesto da escrita/desenho. Aqui as cores, o comprimento e espessura das linhas, a curvatura, a disposição espacial, a velocidade, o ângulo de inclinação dos traços da escrita, geram sugestões de sentidos que ampliam as possibilidades de significação dos poemas.
Para ver lendo, ler vendo, ao mesmo tempo.