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O INTERNO EXTERIOR
Galeria Laura Marsiaj, Rio de Janeiro, 2014

Galeria Laura Marsiaj inaugura a exposição Interno Exterior, de Arnaldo Antunes, com a curadoria de Daniel Rangel. A mostra apresenta centenas de fotos de letreiros, placas e cartazes de rua clicadas por Antunes, em suas turnês de musicais, desde os anos 1990. Os escritos ready-made – letras, palavras e frases soltas – deslocados de seu contexto original, adquirem um caráter poético, passando a sugerir novos sentidos, multiplicados pelas associações entre eles.

As imagens, animadas em stop motion, são expostas em 228 monitores de vídeo de oito polegadas, agrupados em molduras (caixas) de metal pretas. Além de alternarem relações semânticas, apresentam-se em diversos ritmos e associam-se em ocorrências simultâneas diversas. A exposição reúne 21 obras inéditas ou objetos poéticos como prefere o autor.

Os registros foram compondo um vocabulário a partir do qual o artista criou verdadeiros enredos analógicos, para expressar questões interiores com dizeres tirados do mundo exterior, como declara Antunes:

“Fiquei inicialmente fascinado por descobertas de escritos que, deslocados de seu contexto original, adquiriam um caráter poético; ready-mades espalhados pelas cidades por onde passava. Assim se revelaram para mim a palavra ‘divino’ impressa numa caçamba de entulho em São Paulo, o letreiro ‘Cabeça Veículos’ nomeando a loja de automóveis em Santos, a ‘Funerária A Criativa’ em Salvador, as placas de trânsito com pontos de exclamação em cidades europeias, o ‘Hotel Agora’ em Veneza, as placas de sinalização de dois bairros de Lisboa — ‘Rato’ e ‘Estrela’ — com setas apontando a mesma direção, o letreiro da loja ‘Arte’ ao lado do letreiro ‘Change’ de uma casa de câmbio em Roma; entre outras.”

Com o aumento de seu arquivo de imagens o artista passou a criar associações entre as fotos e agrupá-las em campos semânticos afins. Muitas fotos passaram a ser feitas para esses repertórios prévios de conexões ou contrastes, como explica o artista:

“Cada uma explora uma temática própria, que se relaciona com as outras pelo impulso de expressar questões interiores com dizeres tirados da realidade exterior. Num misto entre o acaso que me confronta com as inscrições do mundo e a manipulação de recortes e analogias entre elas, esse trabalho relaciona-se de alguma forma com os ready-mades de Duchamp, com as instalações e video walls de Nam Jum Paik, com os popcretos de Augusto de Campos e com a arte pop de uma maneira geral. Como disse Andy Warhol em Popism: The Warhol sixties (1980), “Pop Art took the inside and put it outside, took the outside and put it inside.”

Para a mostra de Arnaldo Antunes as paredes da Galeria Laura Marsiaj serão pintadas em um tom escuro e a iluminação do ambiente será apenas dos próprios monitores. As obras estarão dispostas de forma não linear.

“A ideia é criar um ambiente imersivo de palavras e imagens em constante movimento, acentuado pela voz inebriante de Arnaldo recitando um poema sem fim, composto por fragmentos de textos diversos sem nenhuma conexão prévia”, explica o curador.

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